"Era uma tarde ensolarada de domingo e eu estava trancada no quarto pensando no quão os últimos acontecimentos haviam sido estranhos, ou até contraditórios, mas contraditórios a que? Talvez a minha crença, tudo aquilo era diferente de tudo o que eu acreditava, ou diferente de tudo que já havia visto, e olha que já vi muita coisa nesses 16 anos que estive neste mundo.
Mas o que
era isso afinal? Essas sensações estranhas nas ultimas semanas... Tudo começou
quando aquele garoto – como é mesmo o nome dele? – Frederico Wins se mudou para
a cidade e começou a frequentar a escola. Tão enigmático o que esta fazendo em
uma cidade como esta? Sendo que veio da Europa? Quantos pensamentos, quantas
contradições. Decidi tentar dormir um pouco. Porém esse pouco durou o resto do
dia e boa parte da noite, não sei como e nem porque eu estava tão indisposta,
mas nem dei muita importância, é sempre bom botar o sono em dia – ou quase.
Ultimamente
era difícil dormir, algo me incomodava, sentia algo mudando dentro de mim, mas
não sabia o que.
– Um dia
você entenderá Maitê – Uma voz profunda vinha da minha grande janela –
Entendera o que você é – Me aproximei da janela e vi Frederico me olhando entre
a fresta da cortina
– E quem eu
sou?
– A escolhida.
– Não sei como, mas ele simplesmente desapareceu.
Voltei para
a cama, e tentei dormir até o amanhecer.
O que havia
acontecido? Aquilo pela madrugada havia
sido real? Descobri que sim, quando estava saindo de casa e vi Frederico, ali
para do lado de fora, escorado em uma árvore.
– Que diabos
foi aquilo ontem? Como e por que você estava no meu quarto? E que história é
aquela? E quem é você afinal? – Cuspi todas as palavras num jorro.
– Ainda não
chegou à hora, mas preciso contar algo a você – Ele dizia sereno, ignorando
minhas perguntas anteriores.
– Você está
surdo? Eu te fiz perguntas! Como conseguiu escalar minha janela?
– Eu ouvi
suas perguntas, e garanto que quando você souber o que eu tenho a dizer terá
todas as respostas.
– Diga de
uma vez então garoto!
– Em breve –
Disse e se afastou rápido o bastante para eu não conseguir alcançá-lo e exigir
explicações.
De que raios
esse garoto estava falando? Eu vou entender, eu vou entender o que?
Não
adiantava me torturar, eu tinha que esperar, e assim saberia a resposta.
Na hora do
intervalo Frederico se aproximou de mim, mas fui eu quem disse a primeira
palavra, ou fiz a primeira pergunta:
– Já chegou
a tal hora?
– Muita
calma querida Maitê, tudo no seu devido tempo.
– Que tempo?
Não era hora? – Ri tentando dar algum tipo de humor ao momento – Isso já está
me matando de curiosidade.
– Tudo bem,
hm – dizia pensativo – Que tal depois da aula irmos aquele parque na 5°
Avenida?
– O que te
faria pensar que eu iria a algum lugar com você?
– Achei que
estavas interessada em saber o que tenho a dizer, mas vejo que não... –
Virou-se para sair, mas antes que o pudesse fazer, peguei-o pelo braço
– Ta bom, ta
bom, as 15 horas na frente da velha pista de skate. – Agora foi a minha vez de
sair, mas diferente de mim ele não me interrompeu, deixou-me ir normalmente.
Assisti as
ultimas aulas e fui para casa, dessa vez sem encontrar ou esbarrar com
Frederico em nenhum lugar.
Às 15 horas
em ponto eu estava chegando ao lugar marcado e Frederico já estava lá, sentado
na velha pista de skate, eu nunca havia reparado o quanto sua beleza era
diferente, fora do comum.
– Oi – Disse
quando me aproximei
– Oi, acho
melhor irmos para algum lugar menos movimentado – Até pensei em protestar, mas
o medo dele desistir de contar foi maior, então aceitei calada.
Fomos para
um campo de flores que ficava um pouco atrás da pista onde estávamos antes.
– Muito bem
Maitê – Disse virando-se para mim e fitando meus olhos – Creio que você já sabe
que é adotada.
– Sim, mas o
que isso tem haver com o que tens para me contar?
– Sua
verdadeira família é de Veneza, foram fugidos da Transilvânia para lá depois da
guerra entre nossas famílias, você foi adotada em uma viajem que seus pais
faziam por lá, eles sempre souberam que estava escrito que quando você
completasse 16 anos, eu viria para transformar você, para continuar reinando a
paz entre o nosso mundo e nossas famílias.
– Do que
você está falando? – Seus olhos azuis piscinas estavam cravados nos meus
– Eu estou
falando que você é uma das ultimas decentes de sua família, uma família de
vampiros. Por isso você anda se sentindo diferente ultimamente, sentindo algo
mudar, algo crescer, o maxilar doer e até mesmo os próprios dentes. Isso faz
parte da transformação, mas ela só pode ser completa quando o vampiro homem que
foi destinado a você, te morde.
– Você ta
ficando louco? Vampiros não existem! – Nessa hora fiquei imóvel enquanto ele me
pegava em seus braços em um abraço, virava meu pescoço dava um pequeno beijo e
mordia, não era algo doloroso, era extasiante. E então eu sentia sede, sede por
sangue."



Oi Lare! Nossa, que texto sensacional. Foi você quem escreveu?
ResponderExcluirPorque achei muito bom, se foi, você deveria escrever um livro qualquer hora. Eu com certeza iria comprar. Adoro livros assim. hahaha
Beijos
http://withoutidea.com
Foi eu sim que escrevii!! Meu sonho é escrever e publicar um livro! Muito obrigada linda, de verdade, não sabes o quanto é bom ler isso
ExcluirLeve a ideia adiante. Parabéns.
ResponderExcluirhttp://cheiadepapo.blogspot.com.br/