4.10.13

Conto: Como lidar com um futuro traçado


"Era uma tarde ensolarada de domingo e eu estava trancada no quarto pensando no quão os últimos acontecimentos haviam sido estranhos, ou até contraditórios, mas contraditórios a que? Talvez a minha crença, tudo aquilo era diferente de tudo o que eu acreditava, ou diferente de tudo que já havia visto, e olha que já vi muita coisa nesses 16 anos que estive neste mundo.
Mas o que era isso afinal? Essas sensações estranhas nas ultimas semanas... Tudo começou quando aquele garoto – como é mesmo o nome dele? – Frederico Wins se mudou para a cidade e começou a frequentar a escola. Tão enigmático o que esta fazendo em uma cidade como esta? Sendo que veio da Europa? Quantos pensamentos, quantas contradições. Decidi tentar dormir um pouco. Porém esse pouco durou o resto do dia e boa parte da noite, não sei como e nem porque eu estava tão indisposta, mas nem dei muita importância, é sempre bom botar o sono em dia – ou quase.
Ultimamente era difícil dormir, algo me incomodava, sentia algo mudando dentro de mim, mas não sabia o que.
– Um dia você entenderá Maitê – Uma voz profunda vinha da minha grande janela – Entendera o que você é – Me aproximei da janela e vi Frederico me olhando entre a fresta da cortina
– E quem eu sou?
– A escolhida. – Não sei como, mas ele simplesmente desapareceu.
Voltei para a cama, e tentei dormir até o amanhecer.
O que havia acontecido?  Aquilo pela madrugada havia sido real? Descobri que sim, quando estava saindo de casa e vi Frederico, ali para do lado de fora, escorado em uma árvore.
– Que diabos foi aquilo ontem? Como e por que você estava no meu quarto? E que história é aquela? E quem é você afinal? – Cuspi todas as palavras num jorro.
– Ainda não chegou à hora, mas preciso contar algo a você – Ele dizia sereno, ignorando minhas perguntas anteriores.
– Você está surdo? Eu te fiz perguntas! Como conseguiu escalar minha janela?
– Eu ouvi suas perguntas, e garanto que quando você souber o que eu tenho a dizer terá todas as respostas.
– Diga de uma vez então garoto!
– Em breve – Disse e se afastou rápido o bastante para eu não conseguir alcançá-lo e exigir explicações.
De que raios esse garoto estava falando? Eu vou entender, eu vou entender o que?
Não adiantava me torturar, eu tinha que esperar, e assim saberia a resposta.
Na hora do intervalo Frederico se aproximou de mim, mas fui eu quem disse a primeira palavra, ou fiz a primeira pergunta:
– Já chegou a tal hora?
– Muita calma querida Maitê, tudo no seu devido tempo.
– Que tempo? Não era hora? – Ri tentando dar algum tipo de humor ao momento – Isso já está me matando de curiosidade.
– Tudo bem, hm – dizia pensativo – Que tal depois da aula irmos aquele parque na 5° Avenida?
– O que te faria pensar que eu iria a algum lugar com você?
– Achei que estavas interessada em saber o que tenho a dizer, mas vejo que não... – Virou-se para sair, mas antes que o pudesse fazer, peguei-o pelo braço
– Ta bom, ta bom, as 15 horas na frente da velha pista de skate. – Agora foi a minha vez de sair, mas diferente de mim ele não me interrompeu, deixou-me ir normalmente.
Assisti as ultimas aulas e fui para casa, dessa vez sem encontrar ou esbarrar com Frederico em nenhum lugar.
Às 15 horas em ponto eu estava chegando ao lugar marcado e Frederico já estava lá, sentado na velha pista de skate, eu nunca havia reparado o quanto sua beleza era diferente, fora do comum.
– Oi – Disse quando me aproximei
– Oi, acho melhor irmos para algum lugar menos movimentado – Até pensei em protestar, mas o medo dele desistir de contar foi maior, então aceitei calada.
Fomos para um campo de flores que ficava um pouco atrás da pista onde estávamos antes.
– Muito bem Maitê – Disse virando-se para mim e fitando meus olhos – Creio que você já sabe que é adotada.
– Sim, mas o que isso tem haver com o que tens para me contar?
– Sua verdadeira família é de Veneza, foram fugidos da Transilvânia para lá depois da guerra entre nossas famílias, você foi adotada em uma viajem que seus pais faziam por lá, eles sempre souberam que estava escrito que quando você completasse 16 anos, eu viria para transformar você, para continuar reinando a paz entre o nosso mundo e nossas famílias.
– Do que você está falando? – Seus olhos azuis piscinas estavam cravados nos meus
– Eu estou falando que você é uma das ultimas decentes de sua família, uma família de vampiros. Por isso você anda se sentindo diferente ultimamente, sentindo algo mudar, algo crescer, o maxilar doer e até mesmo os próprios dentes. Isso faz parte da transformação, mas ela só pode ser completa quando o vampiro homem que foi destinado a você, te morde.
– Você ta ficando louco? Vampiros não existem! – Nessa hora fiquei imóvel enquanto ele me pegava em seus braços em um abraço, virava meu pescoço dava um pequeno beijo e mordia, não era algo doloroso, era extasiante. E então eu sentia sede, sede por sangue."


3 comentários

  1. Oi Lare! Nossa, que texto sensacional. Foi você quem escreveu?
    Porque achei muito bom, se foi, você deveria escrever um livro qualquer hora. Eu com certeza iria comprar. Adoro livros assim. hahaha
    Beijos

    http://withoutidea.com

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    1. Foi eu sim que escrevii!! Meu sonho é escrever e publicar um livro! Muito obrigada linda, de verdade, não sabes o quanto é bom ler isso

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  2. Leve a ideia adiante. Parabéns.

    http://cheiadepapo.blogspot.com.br/

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